domingo, 27 de novembro de 2011

LET IT BE...

Despedi-me da Itália depois de 37 dias, rumo à Londres, na terra da rainha! 
Apesar do mundo ainda ter vários países em que o regime de governo é a monarquia, não posso deixar de consignar que a monarquia inglesa é, sem dúvida, a mais popular. Seja pela relevância que o país exerce no panorama mundial desde muitos séculos atrás, seja pelo glamour que sempre fizeram questão de manter, seja pela linda princesa que, após escandalosa história de amor e depressão, sucumbiu diante das perseguições dos paparazzi, seja pela inteligência de seus representantes que, ainda hoje, num mundo capitalista, grande parte democrático e republicano, com a informação disseminada como areia ao vento, tem inteligência para manter um poder fundado na sorte. Sim, porque nos dias de hoje o rei soberano não precisa ter vencido uma guerra e ter subjugado os derrotados... basta ter nascido na família certa e torcer para que seu pai não abdique do trono, ou torcer para que seu tio o faça.
Whatever, o que interessa é que eu fui a Londres!
No planejamento inicial dessa viagem pela Europa não constava a passagem pela ilha britânica, mas pela cidade espanhola Barcelona, onde estava morando minha amada amiga Bruna. Mas o destino não me quis em Barcelona... ele me queria em Londres, e por isso minha amiga decidiu, ainda em julho, que se mudaria para London City! Adorei a mudança de planos.
A cada dia que passa, a cada reflexão que faço sobre as coisas que aconteceram e acontecem na minha vida, tenho mais certeza que o destino é mesmo um pândego!
Assim, com um leve aperto no peito, embarquei no voo que me levou de Milão à Londres.
Sensação de missão cumprida. Fui à Itália, me virei em Roma, superei as dificuldades iniciais, passeei pela cidade, chorei na Capela Sistina, conheci pessoas incríveis, aprendi a fazer bruschetta al pomodoro, bebi muito vinho, aluguei um carro, conheci a Toscana, encantei-me com o Davi em Florença, fiquei estupefacto com Veneza e lamentei o pouco tempo em Milão... enfim, vivi. E aprendi a viver, intensamente, cada minuto deste trajeto. Era hora de celebrar tanta experiência e autoconhecimento.
Estava eu, então, na tão falada Londres... Quem me conhece sabe o quanto sou apaixonado por Nova York,  por isso sempre me encostaram na parede: "quando conheceres Londres, Nova York já era". Sinto informar, mas Nova York continua sendo minha preferida, contudo, coladinha no pódio, num verdadeiro empate técnico, chegou Londres.
Londres é uma cidade fabulosa, tanto quanto Nova York, respeitando opiniões contrárias, claro. A grande diferença entre elas, na minha opinião é a tradição, muito mais conservadora e presente na primeira delas... Acho que paira em Londres um clima old fashion também pelo fato de ainda ser uma nação monarquista, onde se conserva um apego ao antigo.
Tanto é assim que os mais marcantes símbolos de Londres possuem características antigas: as cabines telefônicas vermelhas (lindas), os ônibus de dois andares vermelhos (um charme) e os táxis pretos (que hoje em dia já possuem variações coloridas).

Cabines Telefônicas - espalhadas por toda a cidade.

O ônibus vermelho de dois andares já foi modernizado,
mas continua um charme

Os táxis já não são todos pretos, mas são todos do mesmo modelo.

Londres é, sim, apaixonante e confesso, me inspirou a fotografá-la muito mais que Roma. A luz do Sol outonal chocando-se às paredes dos prédios, às folhas avermelhadas das árvores dos parques, é de uma beleza excepcional e apaixonante. Não pude deixar de permanecer por horas no Regent Park fotografando de todas as formas e em todas as posições possíveis, o que me custou um certo óculos escuro branco, que foi perdido em meio às lindas folhas secas caídas sobre o gramado. A oportunidade saiu barata.


Tenho certeza que foi tirando essa foto que perdi meus óculos brancos.


A Bruna, minha amiga, motivo de ter ido à Londres, foi um amor e me acompanhou a diversos lugares. Mostrou-me os mais divertidos e pitorescos pontos de Londres, sugerindo, ainda, aqueles onde não pode ir comigo. 
Foi assim que, com ela, conheci Camden Town onde há uma feira e-nor-me, super descolada e interessante. Lá encontrei a ideia exata que tinha para fazer meu auto retrato do curso de fotografia feito este ano. 


A ideia era essa: uma vitrine de cabeças de manequim de loja, com perucas e óculos e em meio a elas eu colocaria a minha própria cabeça. Como não encontrei em Belém uma loja assim, tive que mudar meus planos e fazer meu auto-retrato de outra forma. Se eu vivesse em Londres, meus anseios teriam sido plenamente satisfeitos.
E nos momentos em que a Bruna não podia me acompanhar, eu fazia meu turismo sozinho. Foi delicioso descobrir Londres, buscar seus pontos turísticos, entender a distribuição geográfica da cidade. E fotografar, claro!

Palácio de Buckingham

London Eye

Big Ben, sob minha própria perspectiva.
 
Picadilly Circus
  
Minha versão para um famoso quadro
de Londres que, por sinal, tenho em casa.

Auto-retrato londrino

Foi num dos últimos passeios na adorável companhia da Bruna que ela me apresentou a uma das mais românticas práticas londrinas. Na Millenium Bridge, de uso exclusivo dos pedestres, ligando o Tate Modern  ao outro lado do rio Tâmisa, os casais apaixonados prendem cadeados na ponte, simbolizando o compromisso com seus relacionamentos... quando voltar a Londres acompanhado, prenderei meu cadeado lá. 


Foi também em Londres que eu tive um dos momentos mais emocionantes da minha viagem. Retornava da casa do Sherlock Holmes, quando me deparei com um Escritório dos Achados e Perdidos nos Transportes de Londres.

Localizado no número 200 da Baker Street, Londres.
Na vitrine havia uma placa informando que os produtos não estavam à venda. Em cada produto havia uma etiqueta informando a data e local que o objeto foi encontrado. E ali, em meio a telefones celulares da década de 90, toca-fitas, cd players, havia uma máquina fotográfica daquelas descartáveis. Sabem aquelas que você compra, fotografa, revela e pronto? Pois é... era dessas.

A máquina está na primeira prateleira do lado esquerdo.
É um pequeno objeto azul.
Fiquei pensando o que aquela máquina fotográfica guardava dentro de si... qual momento visto pelo seu dono ficou permanentemente marcado em seu filme? Quais memórias ela ficou incumbida de registrar? De quem eram aquelas memórias?
Então pensei em mim e tudo que vivera até ali... da infância, natais, universidade, viagens, experiências, tudo. Minha vida está toda registrada em fotografias, por mim e por outros... Fiquei pensando o quanto ficaria triste se tivesse sido eu a perder minha máquina fotográfica. Não me doeu nem um pouco ter perdido um óculos escuros, especialmente porque aconteceu num momento ímpar, no momento em que eu eternizava uma forma minha de ver o mundo. Mas se eu perdesse minha máquina ficaria arrasado.
O sentimento que me ocorreu foi que, perdendo minha máquina fotográfica, estaria perdendo todas as minhas memórias nela registradas... Mas então veio um pensamento: "Não! Perder a máquina fotográfica significa perder o registro visual. As memórias valiosas, essas eu não perderei jamais, porque estão em mim, na minha lembrança, e comigo levarei para sempre".
Mesmo perdendo todas as fotos da minha vida, ainda assim, cada momento relevante está dentro de mim, faz parte de mim e comigo me acompanhará até minha morte. 
E, certamente, toda a experiência desses cinquenta dias de 2011 vividos na Europa estará sempre comigo e nunca será esquecida.
À minha amiga Bruna, que me fez ir à Londres, devo agradecer, por ser inspiração, motivação e por fazer parte dessas memórias, fechando esse ciclo comigo! Muitas vezes não imaginamos o quanto podemos influenciar ou inspirar outras pessoas. Hoje eu (re)conheço essa lição e me vejo "Bruna" na vida de outras pessoas.
Obrigado gata!


5 comentários:

  1. Voce é um ser humano impar! Cheio de doçura e amor neste seu coraçāo. Me sinto vencedora da loto! Amigos assim a gente conta nos dedos de uma māo! Bru.

    ResponderExcluir
  2. Pi, Adorei o post de Londres. Acho que fizeste um resumo muito legal. Amei as fotos, especialmente a tua perspectiva maravilhosa do Big Ben. Quanto à comparação com NYC, acho que as cidades são incomparáveis: cada uma tem seu encanto, todas são lindas e devemos visitá-las sempre que pudermos, não é? Ah, e tudo bem que nenhuma perda material é o fim do mundo, mas eu ia te matar se tu perdesses a tua máquina e não tivesse cópia das fotos no teu netbook (onde já se viu?). Eu até posso perder uma câmera, mas te garanto que só perco as fotos daquele dia (hehehe). Legal ter um apoio de um amigo numa cidade dessas, hein? Realmente, deu pra fechares teu período sabático com chave de ouro. Parabéns novamente pelos lindos posts. Bjs

    ResponderExcluir
  3. Sabe que eu nunca pensei em conhecer Londres dessa maneira? Acho que você conseguiu me deixar com vontade de incluir no meu próximo roteiro.

    ResponderExcluir
  4. Pi, não resisti: cometi um pecado em não comentar as belíssimas fotos do parque, com as folhas amareladas do outono. Lindas, lindas e lindas. Sim,valeu a pena perderes os óculos. Antes eles que as fotos (hehehehehe). Acho que você está o máximo como fotógrafo. Teu pai estaria muito orgulhoso de ti. Beijos querido!

    ResponderExcluir