Cheguei em Lisboa há 5 dias e ainda não havia tido tempo para parar e, enfim, escrever.
A cidade é maravilhosa, superando minhas expectativas de forma desconcertante. Nunca imaginei que Lisboa fosse tão histórica, cosmopolita, tradicional e moderna, tudo ao mesmo tempo. Agora, envergonho-me por admitir que tinha uma ideia preconceituosa e limitada de nossa cidade mãe. Mãe sim, pois trata-se de nossas origens. Consigo ver em Portugal e Lisboa todas as minhas origens.
Sempre que conhecia pessoas de origem italiana, alemã e mesmo portuguesa (falando no sentido direto, com pais ou avós portugueses), gostaria de poder, também falar qual seria minha origem, mas como os meus mais antigos ancestrais dos quais tenho conhecimento, já eram nascidos no Brasil, bastava-me (com orgulhoso, é verdade) saber que vinha do norte, dos índios, da verdadeira e pura origem do meu Brasil.
Mas hoje não tenho dúvidas. Apesar de não saber por quais caminhos, tenho a consciência e a certeza de minhas origens portuguesas.
Todo brasileiro, e especialmente paraense, belenense, é um pouco português!
É desconcertante andar pelas ruas do Bairro Alto e perceber familiaridade em tudo aquilo. Entrar nas pastelarias e comer doces que poderiam ter sido feitos nas cozinhas da minha família, percebendo que determinadas receitas comuns nas festas da casa onde nasci devem ser versões de tantos doces portugueses.
A identificação é muito grande e me sinto acolhido na cidade. Os amigos portugueses do meu amigo brasileiro que “a cá veio morar” (para usar uma construção típica), me acolhem como se vissem em mim um primo distante, mas que ainda assim, é da família.
Estar em Lisboa, interagindo com as pessoas daqui, está sendo uma deliciosa experiência, regada a Pastéis de Chaves, Pães de Deus, Pastéis de Belém, Pastéis de Cerveja, Ginginha, azeites, queijos e vinhos, sempre o bom amigo vinho. Come-se e bebe-se muito bem em Lisboa!
Os tradicionais Pastéis de Belém e um Pastel de Cerveja |
Esta oportunidade de interagir com os hábitos locais, frequentando bares e restaurantes que os próprios residentes de Lisboa frequentam, enche-me de alegria e satisfação.
Quem tiver oportunidade, venha a Lisboa e entregue-se aos encantos das ladeiras e casarões antigos, caminhe, aprecie o passar da tarde com a forte brisa que sopra à sombra. Vá ao Miradouro São Pedro de Alcântara e contemple a paisagem degustando uma bica (café expresso), tome umas boas taças de vinho tinto na Esplanada do Príncipe Real, preferencialmente numa noite fria de domingo, ouça a Rádio Comercial e faça como os Lisboetas: entregue-se aos prazeres da vida e da cidade, simples ou não, sempre plenos.
Miradouro São Pedro de Alcântara |
Mas lembre-se, traga na mala meias escuras, sapatos ou tênis, igualmente, escuros, e calças jeans, escuras. No primeiro dia, prontamente vesti minha bermuda, meu tênis e minha meia branca.
Ao ver, depois de uma boa gargalhada imaginando-me circular por Lisboa assim, meu amigo me advertiu: meia branca em Lisboa é considerado muito brega e só os turistas usam.
Os portugueses odeiam meias brancas especialmente se usando bermudas e tênis brancos. Para esta composição não tem outro nome a dar, senão pé de gesso.
Com meu amigo luso-brasileiro, no 15º Festival de Cinema |
Em Lisboa, como os lisboetas. Fica a dica.