Então
hoje é o dia da saudade.
Quem
disse? De onde isso saiu? Um dia inteiro dedicado a um sentimento, cuja palavra
e sentido perfeito só existem em português e que, convenhamos, não é gostoso!
Aplacar a saudade, quando é possível, sim, é muito bom, muito gostoso e muito
saudável.
Mas
ficar matutando um sentimento, uma sensação, sobre algo que não tem jeito, que
não tem como dar meia volta e fazer retorno? Ah, eu não quero.
Lembro,
com saudades, de alguns momentos memoráveis que vivi: a primeira vez que bebi
café puro, a primeira vez que assisti O Mágico de Oz, a primeira vez que
aceitei ser ignorante, a primeira vez que ouvi um "eu te amo"
sincero.
Há
também as viagens maravilhosas, com a família, com os amigos, sozinho ou
casado.Momentos únicos que me senti especial, forte e indestrutível. E momentos
de profunda tristeza em que me senti só, desamparado e frágil.Enfim, uma
infinidade de coisas que vivi e fizeram de mim o que sou hoje. Pronto, já
fizeram! Foram úteis e não voltam mais... ficam na lembrança para serem
recordadas de vez em quando... mas isso não é saudade! De minhas memórias sinto
saudades. Saudade, no singular, não quero sentir, porque dói demais.Assim já
percebo há tempos, mas só há poucos dias, lendo, entendi como
externar..."Um dia, mais cedo ou mais tarde, hás de saber que saudades, no
plural, são lembranças, cumprimentos que se mandam. É muito pouco, Antonio, pra
exprimir este sentimento que eu e teus pais trazemos na alma com relação a
Portugal e ao que lá deixamos. Saudade, sim! Saudade, no singular, é a palavra
que condiz." ( O Arroz de Palma, pg 180).
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